FAMÍLIA CORREIA (PINTO) DA PENAJÓIA


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RAMO CORREIA / CORREIA PINTO

António Correia Pinto nasceu em 26 de Maio de 1877 e faleceu em 4 de Março de 1939, com 62 anos de idade. Casou com Henriqueta da Conceição.

Não tenho registo da data do casamento, porém, pela data de nascimento do primeiro filho deduz-se que terão contraído matrimónio em 1902.

Henriqueta da Conceição nasceu em 18 de Fevereiro de 1885 e faleceu oito meses após a morte do marido, em 4 de Novembro de 1939.

Encontram-se ambos sepultados no jazigo de família do cemitério de S. Gião.

 

        

                    António Correia Pinto                                                                             Henriqueta da Conceição

 

Tiveram 7 filhos, nascidos nos seguintes anos:

1903 – Manuel; 1905 – Lucinda; 1907 – Maria; 1909 – Deolinda; 1911 – Domingos; 1913 – António; 1915 – Armindo.

 

O meu avô tinha por alcunha “Ganocha” e a minha avó o de “Triconica”.

Não sei como surgiram nem o porquê destas alcunhas, que talvez tenham sido derivadas dos respectivos progenitores, dado que já ao meu bisavô Joaquim Correia Pinto chamavam o “Ganocha Velho”.

A alcunha de “Triconica” também se sabe provir de um irmão da minha avó e principalmente de seu pai.

Lembro-me que o meu pai e os meus tios, por gracejo, costumavam apelidar-se uns aos outros pelas respectivas alcunhas.

Herdaram as mesmas alcunhas, uns com o feitio e configuração facial do pai, outros da mãe.

Os “Ganochas” de cara redonda, mais dados à calma e menos avarentos, embora trabalhadores.

Enquadravam-se nesta alcunha: tios Manuel e Deolinda e meu Pai.

Os “Triconicos” de cara mais bicuda, nariz afilado, mais avarentos e mais frenéticos no trabalho, eram representados pelos tios Lucinda, Domingos e Armindo.

Nos seus descendentes também é visível a distinção entre “Ganochas” e “Triconicos”.

Pertencem ao primeiro grupo os meus primos, António, Laura, Vinício e eu próprio.

Enquadram-se no segundo os primos Fernando, Jorge, Fátima e Henriqueta.

A minha análise, por conhecimento que tinha dos meus tios, é que, nem os “Triconicos” eram tão avarentos como os pintavam, nem os “Ganochas” eram tão pouco trabalhadores assim.

 

Manuel Correia Pinto, o filho mais velho, o “Tio Mudo” ou só “O Mudo”, como era tratado pela família, amigos e conhecidos da Penajóia, ficou surdo-mudo aos 3 meses de idade devido a uma meningite.

Aos 9 anos, seu pai conseguiu colocá-lo no Instituto Araújo Porto, estabelecimento fundado, no Porto em 1887, graças ao legado do Benemérito José Rodrigues de Araújo Porto e inaugurado a 26 de Fevereiro de 1893.

É um estabelecimento de ensino especial da Santa Casa da Misericórdia do Porto. Neste Instituto, o tio Manuel aprendeu a ler e escrever.

Extraído dos livros de registo de matrículas do Instituto de Surdos Mudos Araújo Porto, na Santa Casa da Misericórdia do Porto, apresento os dados sobre a sua matrícula:

 

“ Manuel Correia Pinto

Nº de Matrícula 153

Requerente: António Correia Pinto

Fiadores: Manuel Amoeda Sernache

                   Domingos José d’Abreu

Moradas dos Fiadores: 1º Rua das Taipas, 60 – Porto

                                        2º Rua de Balomonte, 94 – Porto

Data de Matrícula: 30 de Julho de 1912

Data de Saída: 6 de Agosto de 1919 (por ter completado a idade)

Classe em que foi admitido: Indigente

Grau de instrução à data de entrada: nulo

Grau de instrução à data da saída: fez os estudos até ao 3º ano do programa e aprendeu o ofício de alfaiate. (*)

Obs.: Surdo-mudo por acidente aos 3 meses  devido a uma meningite. A região é montanhosa”.

(*) Aqui há manifestamente um engano de quem preencheu a ficha porque o correcto é ter aprendido o ofício de sapateiro que, aliás, exerceu durante muitos anos na Penajóia.

 

 

        Manuel Correia Pinto , em jovem                    

 

O “Tio Mudo” nasceu em 11 de Julho de 1903 e faleceu em 30 de Abril de 1976, com 73 anos de idade. Nunca casou. Exerceu durante muitos anos a profissão de sapateiro, conforme foi dito anteriormente.

Era uma pessoa de trato um pouco difícil e muito desconfiado, talvez derivado à sua deficiência. Gostava muito de quem o tratava bem (especialmente do irmão António e de mim) e detestava quem o tratava com indiferença ou quem fazia escárnio da sua mudez. Porém, era uma pessoa dinâmica, que não se inibia de ir, várias vezes, a Lamego e à Régua tratar dos seus assuntos.

Eram também sobejamente conhecidas as suas birras com os seus pais e irmãos.

 

Mas o que ele gostava mesmo era de vir ao Porto ao S. João!

Todos os anos, enquanto teve saúde para tal, na véspera ou ante-véspera de S. João, da parte da tarde, começávamos a ouvir o tio Manuel a subir a rua Visconde das Devesas em direcção à nossa loja. Ouvir é o termo próprio pois, à medida que subia a rua, ele abraçava e cumprimentava efusivamente, e em altos berros, todas as pessoas que conhecia, contente por se encontrar, uma vez mais, no Porto para o S. João.

É de toda a justiça que se diga, era recebido da mesma maneira por todos os vizinhos das Devesas.

Parece que estou a vê-lo a subir a rua, com o seu melhor fato e uma cesta de vime na mão, onde trazia para toda a família os mimos próprios da época: pêras D. Joaquina e ameixas caranguejeiras.

Vinha de comboio das Caldas do Moledo até S. Bento e aí  apanhava o eléctrico nº 14 para as Devesas. Como sabia ler, não tinha dificuldade em viajar nos transportes.

Ficava em nossa casa e repartia o seu tempo entre a nossa loja e a do seu irmão, Domingos, que também tinha uma mercearia em Coimbrões.

Às vezes desaparecia por algumas horas, o que deixava o irmão António algo preocupado mas, quando aparecia dizia-nos que ou tinha ido a Coimbrões ou tinha “andado por aí”.

Às Fontaínhas, ao S. João, ia uma só vez, mas não no dia da noitada.

Um ano, ao dirigir-se a Coimbrões a casa do irmão, Domingos, na Rua Barão do Corvo, como o passeio era estreito e mesmo junto ao trilho do eléctrico, foi atropelado pelo mesmo e ficou algo combalido e esmurrado. Presume-se que tenha descido do passeio e, como não ouviu o eléctrico a aproximar-se, foi colhido.

Depois deste acidente, ficou amedrontado e nunca mais veio ao Porto pelo S. João.

 

Maria Correia Pinto, a terceira filha do casal, que nasceu em 13 de Dezembro de 1907, ficou deficiente, com uma corcunda, por ter dado uma queda de um cavalo quando era jovem e viveu muito pouco, apenas dezanove anos.

Não casou e faleceu em 3 de Outubro de 1926.

Está sepultada no jazigo da família no cemitério de S. Gião.

 

Lucinda Correia Pinto nasceu em 10 de Fevereiro de 1905, casou com Manuel Rodrigues Baía em 28 de Janeiro de 1926 e faleceu no Hospital de Vila Real na véspera de Natal de 1993.

Não tenho a data de nascimento do tio Manuel Baía, mas a data do seu falecimento: 25 de Outubro de 1976.

Considero a minha tia Lucinda uma pessoa extraordinária. Era muito trabalhadora, inteligente e perspicaz, muito amiga dos seus irmãos (criou-os a todos) e dos seus sobrinhos.

Gostava muito de mim e deu sobejas provas disso durante toda a sua vida. Não tenho qualquer dúvida em afirmar que me considerava como mais um filho. Eu também gostava muito dela.

Considerava os seus filhos acima de tudo e de todos.

Como se costuma dizer, era o “homem da casa”, sem desprestígio para o meu tio, que era mais calmo e menos empreendedor.

 

 

               

(Na fotografia de cima vemos o tio Manuel e a tia Lucinda no casamento da filha Laura com o António Pereira)

 

Não resisto à tentação de contar um episódio que se passou quando a tia Lucinda foi ver a minha primeira casa.

A casa estava mobilada com o recheio condizente com as nossas posses da altura, inclusive, pouco recheio na dispensa. A perspicácia da tia Lucinda entrou em acção. Viu tudo, nada disse, foi para sua casa e, dias depois, recebi um aviso para levantar uma encomenda na estação de caminho de ferro.

Dentro do cabaz, uma carta dizia:

“Meu querido filho

Gostei muito da vossa casa. É muito linda mas entendo que vos falta lá um saquinho de batatas e o tio Manuel manda para a tua mulher este colar de alhos e este fumeiro para vosso remedeio: dois salpicões e uma moura.”  

Era assim a tia Lucinda!...

 

Desta minha tia teria muito coisa para contar se tivesse o engenho e a arte para  a definir, como ela merecia!

 

O tio Manuel Rodrigues Baía era um homem muito bom, de espírito são, também muito amigo da família que gostava muito de receber, nunca levantando qualquer dificuldade. Mas esperava sempre pela opinião da mulher para tomar decisões. O que a mulher dissesse era um decreto para se cumprir.

Tinha sido marinheiro nos barcos rabelos de transporte de vinho para o Porto e não se esquecia disso, antes o referia com muito orgulho.

Era pescador nas horas vagas. Com o seu barco e a rede chumbeira que cuidava com muito esmero, pescava no rio Douro, normalmente com a ajuda de um dos seus filhos. E recordava sempre, no bom sentido, o seu tempo de serviço militar.

(Em baixo é mostrada a fotografia do jazigo no cemitério de S. Gião, na Penajóia, onde se encontram sepultados os tios e o seu filho António)  

 

 

Tiveram quatro filhos: António Baía, Fernando Rodrigues Baía, Laura Beatriz Correia Baía e Jorge Correia Baía.

António Baía, o “Toninho”, como era conhecido na família e na Penajóia, nasceu no fim do ano do casamento dos pais, em 14 de Dezembro de 1926.

Faleceu em 11 de Junho de 2003, em casa da sua filha Elvira com quem vivia, há vários anos.

Casou com Maria Alice (n. 1/8/1928) em 26 de Abril de 1952 e desse casamento nasceram três filhos:

 

- Altino Januário Baía (n. 10/7/1952) cc Herculana Maria da Silva Rodrigues (n.11/4/1957); têm dois filhos:

Tânia Marisa Rodrigues Baía (n. 4/9/1980) cc Luís Manuel Liberato Santos Mendes (n.20/1/1976), sem filhos e Paulo Jorge Rodrigues Baía (n.20/3/1982) cc Ana Cristina Gomes Tavares (n. 14/3/1980), com um filho de nome Edgar Daniel Tavares Baía (n. 15/1/2000).

O Altino foi jovem trabalhar para Tróia, onde se fixou, aí constituiu família e ainda ali se encontra.

 

- Elvira Beatriz Baía Saavedra (n. 9/7/1953) cc José Saavedra (n. 19/3/1950) em 6 de Agosto de 1975. Emigraram para Londres onde trabalharam 24 anos (1975-1999). Ali, no distrito de Camden, lhes nasceram os seus dois filhos:

Jorge Luís Baía Saavedra (n. 23/5/1976) e Sílvia Marisa Baía Saavedra (n. 10/5/1984).

Residem em Lamego após o regresso de Londres. O filho Jorge ficou em Londres.

 

- Carlos Manuel Baía (n. 7/9/1954) cc Ana Maria Cardoso Magalhães Baía (n. 5/5/1959) em 28 de Agosto de 1977. Também emigraram para Londres. Aqui trabalharam 19 anos (1978-1997). Também, no distrito de Camden, nasceu a única filha do casal: Analiza Magalhães Baía (n. 5/7/1994).

Residem, igualmente, em Lamego desde o seu regresso de Inglaterra.

 

Fernando Rodrigues Baía (ou Bahia) nasceu em 8 de Agosto de 1932. Nunca se conformou com o trabalho da terra na Penajóia, tinha horizontes mais alargados e, após o serviço militar, emigrou para o Brasil.

Embarcou em Leixões no navio “North King” em meados de Dezembro de 1954 e desembarcou, em Santos, em 2 de Janeiro de 1955.

Apenas a sua mãe o acompanhou, da Penajóia ao Porto, para se despedir.

Quando o meu pai, a tia Lucinda, o Fernando e eu nos dirigíamos para Leixões no nosso automóvel, o meu pai, sem culpa nenhuma, atropelou um ciclista e teve que ir prestar declarações à esquadra da polícia e não pode ir despedir-se do sobrinho, com grande mágoa sua e dele.

O Fernando fixou residência em S. Paulo, adoptou o apelido abrasileirado Bahia, casou em 15 de Dezembro de 1956, com Adriana Maria Antunes Rodrigues Bahia (n. 11/9/1934), uma senhora portuguesa natural de Moncorvo, que foi sua companheira de viagem, onde iniciaram o namoro, segundo constava na família. Que me perdoem se estiver enganado.

Faleceu em 6 de Maio de 2003, curiosamente cerca de um mês antes de seu irmão mais velho, António.

Correspondia-se, regularmente, com os seus pais, que nunca mais o viram e tinham grande desgosto por isso.

O Fernando e a Adriana tiveram dois filhos:

 

- Jorge Luís Antunes Bahia (n. 13/12/1957) cc Márcia de Lourdes Lopes Antunes Bahia (n. 11/5/1955) em 9 de Maio de 1980. Têm dois filhos: Guilherme Luís Antunes Bahia (n. ?) e Mariana Antunes Bahia (n. ?).

 

- Fernanda Rodrigues Bahia (n. 19/12/1972) cc Maurício Penna Urso (n. 17/2/?) em 17 de Dezembro de 1994. Também têm dois filhos de seus nomes: Lucas Rodrigues Urso (n. ?) e Juliana Rodrigues Urso (n. ?).  

 

 

Laura Beatriz Correia Baía, a única filha do casal, nasceu a 4 de Maio de 1937 cc António Dias Pereira (n. 2/6/1938) em 16 de Abril de 1961.

O casamento da Laura e do António foi um acontecimento importante na família porque permitiu juntar todos os tios e tias, alguns dos quais não se viam há alguns anos (fotografia acima).

Nesta fotografia, na igreja, podemos ver, além dos noivos, os tios Armindo e Gracinda (ao lado da noiva), os meus pais António e Maria Amélia (ao lado do noivo) e os meus tios Domingos e Laura (atrás dos noivos).

António Dias Pereira faleceu em 6 de Agosto de 1990, depois de muitos anos de sofrimento, derivados do facto de ter ficado bastante queimado quando se incendiou uma cuba de aguardente na Casa Ferreirinha, da Régua, onde trabalhava. Em consequência do acidente, esteve internado largos meses na Casa de Saúde da Boavista, no Porto, para sarar dos ferimentos, cegou e nunca mais foi o mesmo homem. Morreu amargurado pelo que lhe aconteceu.

A Laura e o António tiveram um único filho:

 

- António Manuel Baía Pereira (n. 18/1/1961) cc Ana Clara Lourenço Monteiro Pereira (n. 11/3/1966) em 19 de Dezembro de 1987. São seus filhos: Luís Miguel Monteiro Pereira (n. 10/8/1990) e António Pedro Monteiro Pereira (n. 29/1/1998).

 

Jorge Correia Baía (n. 22/4/1951) cc Francisca Pacheco Casais Baía (n. 21/4/1952) em 19 de Janeiro de 1975. Têm uma filha, de nome Paula Cristina Casais Correia Baía (n. 12/11/1975) cc Eurico Carlos Rodrigues da Cunha (n. 15/4/1977). O casal não tem filhos.

 

Deolinda Correia Pinto nasceu em 11 de Fevereiro de 1909 e  faleceu em 1 de Agosto de 1996, no Lar de Arneirós da Santa Casa da Misericórdia de Lamego, onde residia há alguns anos.

Ainda em vida, pediu-me para ser sepultada junto do marido, no jazigo da família no cemitério de S. Gião, vontade que lhe foi proporcionada.

Casou com António Monteiro dos Santos (n. ?) em 18 de Setembro de 1940. Namoraram algum tempo e, porque a tia não quis casar, talvez por achar ser cedo de mais para tal, ele foi para S. Tomé e Príncipe trabalhar durante alguns anos.

Quando regressou de S. Tomé, então resolveram contrair matrimónio.

Não tiveram descendência.

A tia Deolinda era a antítese da irmã Lucinda. Muito mais dada à boa calma, embora trabalhadora, de feitio mais recatado e menos conversadora. Era uma “Ganocha” na verdadeira acepção da palavra.

Convivíamos menos, mas a tia Deolinda também gostava muito de mim.

Como não podia ter filhos, na sequência de uma intervenção cirúrgica a que teve de ser submetida, quis que a minha mãe me doasse a ela, quando eu nasci, alegando que a minha mãe poderia ter outros filhos.

Naturalmente que o pedido foi recusado.

O tio António, por seu lado, era um homem muito altivo, de feitio algo difícil, trabalhador e muito empreendedor nas suas propriedades. Tinha muita vaidade nelas que tratava de melhorar constantemente.

(Em baixo: lado esquerdo - a tia Deolinda, antes de ir para o Lar; lado direito - o tio António com o meu pai)

 

                          

                     

O quintal da casa onde residiam, nos Palheiros, era um autêntico jardim, muito bem trabalhado, com uma mina de água que o tio mandou fazer e dois grandes tanques para as necessidades de rega, além do abastecimento de água à casa.

Também gostava muito de nos receber e de nos obsequiar com as iguarias e os vinhos que tinha muito orgulho em mostrar e dar a provar.

Tinha duas alcunhas: na Penajóia era conhecido por “O Africano” (por ter estado em S. Tomé); na família era “O Chapéu Pequenino” (esta não sei porquê).

Gostava muito de ir ver as corridas de automóvel a Vila Real, com um seu sobrinho que tinha carro, a quem sempre dirigia o convite quando elas se realizavam.

Faleceu em 20 de Dezembro de 1976, encontrando-se sepultado no jazigo da família no cemitério de S. Gião.

 

Domingos Correia Pinto  nasceu em 25 de Julho de 1911 e  faleceu, com 62 anos de idade, em 27 de Novembro de 1973.

Casou, contra a vontade dos pais, principalmente da mãe, em 1 de Maio de 1937, com Laura Beatriz Ferreira (n. ?), uma professora das Caldas do Moledo, mais velha do que ele, já com um filho de nome Armando.

Muitas vezes, a minha avó Henriqueta confidenciou à minha mãe que não tinha gostado nada desse casamento e temia que não viessem a ser felizes. Foram palavras proféticas porque na realidade isso aconteceu. Nunca se deram bem, eram bastantes as desavenças. 

Enquanto a tia Laura dava aulas nas redondezas, o tio Domingos estabeleceu-se com a sua primeira mercearia nas Caldas do Moledo. Alguns anos mais tarde, também veio para Gaia – Coimbrões, estabelecendo-se com mercearia e vinhos na Rua do Senhor de Matosinhos.

O tio Domingos era diferente dos irmãos (chamavam-lhe “O Galifão”), mais dado à brincadeira, mas trabalhador. Nunca singrou muito na vida, devido talvez aos problemas familiares ou outros, desabafando muitas vezes com o meu pai e solicitando-lhe ajuda, que lha concedia sem hesitações.

Extra matrimónio, teve uma relação amorosa com uma senhora de nome Maria Adélia Soares Ferreira (n. 3/6/1913) (f. 27/11/2000), da qual nasceu uma filha que, a instâncias do meu pai e, não só, com toda a justiça, foi devidamente perfilhada e aceite por toda a família em geral e pelo meu tio em particular:

 

- Maria de Fátima Soares Ferreira Pinto (n. 22/2/1955) cc José António Soares Meireles (n. 1/3/1944) em 6 de Abril de 1974.

Tiveram dois filhos: Nuno Álvaro Soares Meireles (n. 5/8/1974), solteiro, e Luís Aníbal Soares Meireles (n. 22/1/1976) cc Carla Mónica da Silva Meireles (n. 7/8/1975) em 10 de Setembro de 2004, com um filho chamado José Luís da Silva Meireles (n. 29/9/2004).

 

   

            

 Nas fotografias apresentadas acima podemos ver: esquerda - os meus pais, o tio Domingos, a tia Laura e o filho Armando; centro - os tios no meu casamento e da Lourdes; direita - os tios uns anos mais tarde. 

António Correia Pinto (Júnior)

 Com vinte anos de idade

 

António Correia Pinto (Júnior), meu pai, o meu melhor amigo de toda a vida,  nasceu em 3 de Fevereiro de 1913. Vindo para Vila Nova de Gaia com vinte anos de idade, estabeleceu-se com mercearia e vinhos na rua Visconde das Devesas, depois de ter passado por dois anteriores empregos.

Viveu com a sua tia Emília em solteiro e, mais ou menos dois anos depois de casado.

Os meus pais namoraram dezasseis meses.

Há um episódio curioso passado com os trâmites de preparação para o seu casamento.

 

Quando resolveram dar o passo, como era normal, correram os chamados banhos na Penajóia e no Porto. Da Penajóia, porém, alguém enviou uma carta para o padre da Igreja de S. Nicolau, no Porto, onde iriam casar, denunciando o parentesco de ambos: os noivos eram primos!

O padre chamou a minha mãe a quem ralhou por não lhe ter confessado o parentesco existente.

De seguida, chamou a tia Emília, que ia ser madrinha, a tia Palmira, o meu pai e a minha mãe, comunicando-lhes que tinham de pagar uma multa, de acordo com o valor dos bens do futuro casal. O meu pai rebateu a ideia de montantes elevados de bens, a que corresponderia montante elevado de multa, o padre também baixou o respectivo valor, o meu pai concordou com o mesmo, não sem o ter ameaçado que casaria só pelo registo civil, se o acordo não fosse conseguido.

Todos cederam e o casamento realizou-se no dia 28 de Julho de 1940 (foto em baixo)

 

                                  

A minha mãe, Maria Amélia Miranda da Silva, segunda prima do meu pai, nasceu em 20 de Julho de 1915, na freguesia de Paranhos, no Porto.

Fizeram, em conjunto, uma vida de grande trabalho e sacrifício, chegando a ter duas mercearias abertas: a da rua Visconde das Devesas, assumida pelo meu pai  e outra no rés do chão do prédio da rua das Taipas, nº 50, no Porto, da responsabilidade da minha mãe.

Mais tarde, a da rua das Taipas foi encerrada, mantendo, no entanto, a de Gaia.

Com a aquisição da casa dos Lopes Pinto, na mesma rua, o seu negócio levou um impulso importante.

Quando resolveram passar o negócio, montaram um aviário de criação e matança de frangos, bem como produção de ovos, no grande terreno que a casa possuía, tendo, para o efeito, construído vários pavilhões.

Com a exigência governamental de os aviários passarem a unidades industriais, acabaram com o aviário e passarem a ser armazenistas de frangos, até à morte do meu pai, que aconteceu em 2 de Junho de 1983.

Encontra-se sepultado no cemitério paroquial de Santa Marinha, em Coimbrões, Vila Nova de Gaia.  

 

            

 

 

 

 

                                                

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(Fotos: esquerda - os meus pais em 1961; direita - sepultura do meu pai) 

 

Falar do meu pai é-me muito difícil.

Sem querer, posso ser levado a elogiar apenas o seu carácter e determinação, a sua vontade de vencer e de lutar contra as doenças que o atormentaram quase toda a vida e contra todas as contrariedades que enfrentou.

Apesar de ser um “Ganocha”, era muito trabalhador, inteligente, perspicaz e muito amigo de toda a família, que considerava acima de tudo.

Gostava de passear, de ir a Fátima, nas datas das celebrações das aparições de Nossa Senhora, principalmente em Maio, era um portista ferrenho que sofria com as derrotas do clube (como ele gostaria de ter assistido às imensas vitórias do Futebol Clube do Porto, ocorridas após a sua morte).

Tinha o seu feitio repentino, reagindo com veemência aos contratempos e problemas. Mas, passados alguns minutos, tudo acabava e não guardava qualquer espécie de rancor, fosse a quem fosse.

Teve uma grande mulher a acompanhá-lo toda a sua vida, a apoiá-lo, a trabalhar a seu lado: a minha mãe.

Costuma dizer-se que, por trás de um grande homem está sempre uma grande mulher.

Se assim é, acredito que o seja, meus pais foram grandes!...

 

 

                                                           No meu casamento

                                       

- Fernando António da Silva Correia, filho único do casal, (n. 3/7/1941) cc Maria de Lourdes Morais Pinto Hespanhol da Silva Correia (n. 8/4/1940) em 29 de Março de 1969. Não há descendência.

 

Armindo Correia Pinto, o benjamin dos irmãos, nascido em 15 de Abril de 1915, era o filho mais mimado por seus pais e irmãos, principalmente pela irmã Lucinda que  por ele nutria um carinho muito especial, talvez por ser o mais novo.

Conheceu uma senhora, natural de Tarouca, Gracinda do Carmo Carvalho (n. 29/4/1914) e casaram em 2 de Abril de 1942. E o tio Armindo foi viver para Tarouca, onde se estabeleceu com os negócios de mercearia e ferragens.

Os irmãos, na brincadeira, chamavam-lhe “O Tarouqueiro” mas, quando me desloquei a Tarouca para a elaboração da sua monografia, é que soube, junto de naturais da terra, que o tio Armindo aí era conhecido como “O Senhor Correia Pinto da Penajóia”

Como todos os outros, era muito trabalhador e empreendedor, desenvolveu muito o seu negócio e também era muito alegre e bem disposto quando se encontrava com a família.

 

         Armindo Correia Pinto e Gracinda Carvalho, em 1961  

         Jazigo dos tios no Cemitério de Tarouca

Era o tio com quem convivia menos. Recordo, porém, umas férias que passei em Tarouca, quando era jovem.

Outra vez, já por volta dos meus trinta e cinco anos, eu e a Lourdes fomos visitar os tios a Tarouca, onde ficámos dois dias. Não posso esquecer a alegria do meu tio quando nos viu e o contentamento que mostrou por termos ficado em sua casa.

A última vez que o tio esteve em nossa casa foi no funeral do seu irmão António.

O tio Armindo faleceu em 11 de Abril de 1984, depois de longo sofrimento de vários anos (sofria de deficiência de circulação sanguínea, tendo sido várias vezes operado às varizes).

A tia Gracinda faleceu em 15 de Maio de 2003.

Estão ambos sepultados no cemitério de Tarouca.

  Tiveram dois filhos:

 

- Vinício de Carvalho Correia Pinto (n. 18/3/1944) cc Maria Filomena Machado Teixeira Correia Pinto (n. 11/10/1948) em 26 de Agosto de 1972. Têm dois filhos: Pedro Vinício Teixeira Correia Pinto (n. 17/7/1973) casado, sem filhos, em 21 de Junho de 2003, com Ana Carla Gomes Pacheco Correia Pinto (n. 20/1/1976) e  Andrea Patrícia Teixeira Correia Pinto Tripa (n. 1/6/1974) casada, também sem filhos, em 28 de Setembro de 2002, com Daniel Jaime de Jesus Vieira Tripa (n. 4/5/1978)

 

- Maria Henriqueta Carvalho Correia Pinto da Silva (n. 14/6/1945) cc Óscar José Campos da Silva (n. 21/11/1942) em 9 de Novembro de 1968. São seus filhos e respectivos netos os seguintes: Paulo Jorge Pinto da Silva (n. 25/11/1969) cc Ana Paula Varela (n. 1964), sendo seus descendentes, Ana Carolina da Silva Varela (n. 20/9/1994) e Francisco da Silva Varela (n.16/4/1998) e Cláudia Maria Pinto da Silva (n. 12/3/1972) cc João de Barros (n. 1971), sendo seus filhos os gémeos João Nuno Pinto da Silva Barros e João Rodrigo Pinto da Silva Barros (ns. 18/9/2001).